a história de amor de kopa e vitani- capítulo 1- Quando os meus olhos encontraram os seus.

aproveitem o capitulo :3

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Acordei hoje com receio nem queria ter saído da caverna, motivo? Ele voltou. Kopa. Faz somente um dia, e ainda assim me afetou bastante. Aconteceram muitas coisas no tempo em que esteve fora, por exemplo, eu sou tia agora! Kiara e Kovu tiveram um casal de filhotinhos lindos,  Shani e Chaka, que me deram de presente um novo apelido:  tia Tani. Dotty teve um filhote de Nuka, Sudja, então sou tia duas vezes seguidas. Por outro lado, Spotty está ficando amiguinha do irmão caçula de Nala que também foi meu amigo e do Kopa na infância, Mheetu! Na minha opinião, um casal bem improvável hum? Ah, e finalmente os "exilados" podem viver em paz.

Ou quase isso. 

E por falar em paz, sabe aquele dia que você quer ficar sozinha, numa caverna, como se estivesse hibernando? Mas aí chega aquele seu amigo eufórico que fica pulando em volta de você e enchendo seu saco até você não ter mais alternativa? pois é, a princesa da Pedra do Reino é uma dessas...

-Vai Vitani, vem caçar comigo!- disse Kiara pela décima vez.

-Não, não quero!

- Mas você  não sai dessa caverna desde ontem, não podemos ficar sem a  nossa caçadora principal!

-Já pensou que pode ser uma ótima oportunidade para você liderar o grupo? 

-Tani, você sabe que embora eu tenha melhorado bastante por causa do Kovu, não estou pronta ainda...- fez beicinho.

- A gente nunca se sente pronta - bufei

- Olha, se você não se levantar, sabe o que eu vou fazer né? - ameaçou ignorando completamente minha fala

- Kiara, por favor... - implorei virando meu corpo para o lado contrário e cobrindo meu rosto com as duas patas.

- Chaka, Shani!- gritou tão alto que acho que até Zazu foi capaz de ouvir.

De repente os dois entram correndo em disparada na caverna

- Tia Tani!! - os dois pulam em cima de mim, Shani começa a morder minha orelha e Chaka minha calda.

-Ai meus ossos..-falo entediada, e lembro por um milésimo de segundo de Scar.

-Por que você não quer sair da caverna tia Tani?-pergunta Chaka, com aqueles olhinhos verdes lindos.

-É por causa do meu tio?-disse Shani abanando o rabinho

- Claro que não! quem disse isso a vocês? - indago já levantando-me.

-Foi a mamãe -disseram juntos quanto Kiara estava atrás de mim gesticulando exageradamente um "calem a boca".

-*sussurro* por que não estou surpresa? Kiara, eu posso falar com você a sós?

-Er claro!...crianças por que não vão brincar com seu avô? - Respondeu sem jeito.

- Mas mãe... - lamentaram.

-Vocês não tinha combinado que ele iria mostrar a pedra do rei pra vocês e...-depois de dois segundos os filhotes já não estavam mais na caverna - crianças...ei não me olhe com essa cara Vitani! você sabe que é verdade!

-*suspiro* eles já o conheceram? 

-Já sim, inclusive, meu irmão ficou muito animado com eles! os dois também gostaram bastante do tio -disse sorrindo e depois voltou a falar - Mas parece que você não tá muito animada né? - me fitou solidarizada - É por causa da leoa que veio com ele?

- É um pouco de tudo Kiara... - comecei com tom de voz pesado pois era um assunto difícil - Kopa e eu éramos melhores amigos e eu senti a "morte" dele, quase como senti a de Nuka, ou até mais. Não sei se ele ainda se lembra de mim, ou da nossa história, e sim! Me incomoda saber que ele retornou com uma fêmea que possivelmente pode ter tomado o meu lugar. Como amiga, confidente, como tudo! - desabafei. 

Kiara assistiu a cena com olhos arregalados, e sua expressão passou de pena a divertida - Tani, sinceramente, como irmã do Kopa fico aliviada que você ainda tenha sentimentos aí dentro - senti o carinho na fala - E sobre a leoa, não acho que é pra tanto, nem sabemos ao certo ainda. Ela é  de fato muito bonita, mas isso não quer dizer nada. Eu e Kovu também fomos amigos de infância e tinha tantas leoas bonitas no exílio! - arqueiro uma sobrancelha incrédula já que as outras pretendentes do exílio não eram lá grande coisa, mas preferi ficar calada quanto a a isso e deixei-a continuar - mas mesmo assim ele se apaixonou por mim mesmo eu sendo essa tagarela infantil, casamos, tivemos duas bolinhas de pelo lindas e vivemos felizes para sempre!- disse radiante como se estivesse vivendo uma história de conto de fadas

-Confesso que admiro sua empolgação amiga - ri - Mas prefiro não criar expectativas.

- O tempo vai te mostrar que estou certa, você vai ver, franjinha - chacoalhou minha franja desajeitada.

- Pode até ser, mas eu preciso pensar e saber o que estou sentindo, talvez isso só seja um carinho...

-Tá bom, mas se fosse você pensava logo...todas as leoas solteiras da Pedra do Rei estão suspirando pelo "primogênito de Simba" -disse indo em direção a saída da caverna

-Espera! eu vou caçar!

-É assim que se  fala garota ! vem! vamos mostrar pra aquela amarela azeda do que você e capaz! - parecia preparada para uma guerra

-Ei! eu disse que iria caçar, e não jantar uma gazela à luz de vagalumes com o kopa!

-Boa ideia, posso organizar esse encontrinho se você quiser - piscou

- Kiara! - empurrei ela de brincadeira - reuna as leoas...daqui a meia hora eu quero todas elas no olho d'água entendeu?

- Sim senhora -disse saindo da caverna

Depois que ela foi embora até pensei em dormir de novo, mas não podia pensar só em mim, os filhotes estavam com fome, e deixar Kiara caçar sozinha não seria uma boa ideia por enquanto.

De repente, sinto uma movimentação na minha calda.

-Você ainda tá aqui mocinha?- perguntei olhando pra Shani - não ia ver a Pedra do Rei com seu irmão?

-É que eu ouvi tudo. - disse com a maior naturalidade - então você gosta do meu tio é? Mó legal - quase engasguei - queria que você e ele ficassem juntos, eu não fui muito com a cara da Sara...

-Sara?

-É o nome da leoa que veio com ele...-logo abaixei a cabeça talvez eu não devesse me aproximar mesmo...- calma tia tani ela não é a namorada dele.

-Não? - voltei minha cabeça muito rápido, como quem leva um susto. Quando percebi isso, fiquei envergonhada.

-Não, pelo que eu ouvi...quando eles são só amigos mesmo.

-Shani, não sei quando você começou com esse costume de ouvir conversas, mas a partir de hoje vou ter mais cuidado com as paredes a nossa volta - ri, a garota tinha personalidade, não tinha o que fazer.

-Eu mando bem né tia? -piscou pra mim, essa daí puxou o Kovu todinha.

Levei Shani pra perto de Simba que estava na pedra do rei com o neto.

Atraímos os olhares dos dois, e a filhote ao meu lado não hesitou ao correr e se juntar aos dois. Simba parecia radiante, e, para ser sincera, ele não estava com cara de avó. A essa altura já esperava-se alguns fios grisalhos na juba, mas o escarlate estava mais vivo, e seu porte, saudável. Coisa que Scar ou Zira não esbanjaram em vida. Na verdade, dificilmente vi alguém no exílio com uma aparência que não parecesse apática, exceto por Kovu, que obviamente estava sendo preparado para um propósito que diante do cenário atual não vale a pena comentar. No entanto, minha relação com Simba permanece abstrata, pouco nos falamos, sei que ele se lembra que fui a primeira a apoiar meu irmão e Kiara, mas será que recorda-se de mim e de Kopa? culpa-me por algo. Para saber preciso criar coragem e perguntar sobre.

Coisa que não pretendo fazer.

- Se tivesse demorado mais um pouco eu e o vovô já estaríamos longe - reclama Chaka.

- Duvido! o vovô jamais iria sem mim - dá língua para o irmão - né vô?

- Digamos que sua mãe me faria visitar os grandes reis mais cedo, pequena Shani - responde o rei, tirando um sincero sorriso dos filhotes.

Seu olhar se volta para mim. E estremeço. 

- Agradeço, Vitani...- me cumprimenta com um aceno de cabeça.

- Não precisa agradecer, Simba. - Curvo-me levemente e apresso-me em virar e sair.

Mas ainda sinto os olhos castanhos avermelhados sobre mim.

Parti para o olho d'água e as leoas que formavam a equipe estavam todas lá 

Ao todo, 11 felinas, 7 da Pedra do Reino - Yamala, Alura, Tifu, Myrna, Gadara, Zuri e Kiara -  e 4 que vieram com todo o bando do exílio - Eu, Dotty, Spotty e Kulu. 

-Bom dia, pelo que vejo, estão todas aqui...Kiara, relatório! - ela deu um passo a frente como se estivesse sendo convocada para um tribunal.

-Os antílopes se concentram na área onde o sol se põe, as zebras estão junto com os búfalos onde o sol nasce a 20 metros daqui!. e se encontram um bando de linces perto do bando de linces perto dos antílopes.

Ponderei as opções e constatei rapidamente que a melhor opção seriam as zebras.

os búfalos estavam fora de cogitação, mesmo com grande número, apenas um búfalo poderia matar cinco de nós, ou mais, dependendo de seu humor. Sobre os antílopes, nossos adversários felinos não são lá grande coisa, mas prefiro evitar conflitos, por hoje. Expliquei a estratégia para as leoas e nos dividimos em grupos, com habilidades equilibradas entre si, para garantir nossa chance de sucesso. Um grupo focaria em afastar os equinos, enquanto o outro encurralaria ao menos dois alvos.

Todas correram ao seus postos, e eu liderava.

- Permaneçam abaixadas e não chamem atenção. - por mais que o aviso fosse ao grupo todo, era inevitável que os olhares da maioria se voltassem para Kiara - ao meu sinal.

todas assentiram, o que me preocupava eram os búfalos,eles não gostam nada de leões, e tem um olfato muito apurado para nós, seria um sério problema se sentissem nosso cheiro...

Por isso ficamos distantes deles e agora sem perigo nenhum eu estava pronta para dar o sinal.

-um, dois, três...VAI!

As zebras logo se alarmaram e começaram a fugir,  eu, Dotty e Yamala cercamos uma sem demora, enquanto o resto de nosso grupo colocava o resto das zebras para correr.  Eu estava muito concentrada para notar o que acontecia com a outra parte de nossa equipe, mas confiava que cada uma se esforçaria.

Se correr o bicho pega se ficar o bicho come.

Antes que eu fosse para cima atacar, Kiara pula em nosso alvo cravando os dentes no pescoço da zebra, e sufocando-a. Dotty olha para mim surpresa, mas age rapidamente, atingindo a presa nas pernas e tirando seu equilíbrio.

Vejo que com a outra parte do grupo não foi diferente. 

Satisfeitas, descansamos brevemente, e eu me contentei por enquanto em lamber o sangue que cobria minhas patas. Tifu e Spotty farejavam ao redor , rastreado possíveis outros predadores que quisessem nos enfrentar para roubar a comida.

- Ei - chamei Kiara, que me olhou rapidamente - parabéns viu? Não esperava por aquilo. 

O sorriso da princesa foi até suas orelhas, mostrando suas presas sujas de sangue fresco.

-Ah, não foi nada, só umas coisas que Kovu vem me ensinando - notei um rubor em suas bochechas.

- Dar mordidas? - fingi estar séria mas por dentro caçoava da situação. Adorava ver Kiara sem jeito ao falar de Kovu, principalmente quando eu estava perto.

Ela não respondeu, mas o rubor aumentou.

-Que bom! Acho que isso da pra matar a fome de grande parte do bando- comentou zuri animada.

- Por enquanto é melhor não comemorarmos a vitória, até estarmos seguras na Pedra do Rei. - comentou Kulu preocupada, me tirando do transe.

- Você tem razão, vamos.

No mesmo instante todas concordaram, e saímos arrastando a caça pelo curto caminho até nosso (novo) lar. Ao chegar, fomos para o espaço reservado à alimentação do bando, deixei Kiara ir na frente, para, caso encontrássemos Simba lá, ele pudesse lhe perguntar sobre sua evolução, enquanto eu descreveria o belíssimo desempenho dela. Não foi algo que me pediu, e não  precisava, pois eu sabia que queria que eu fizesse desse jeito. Tem coisas que não precisam ser ditas para alguém que observa o outro.

Logo os poucos filhotes, incluindo meus sobrinhos, avançaram para comer.

- Calma, um de cada ve...- tentei balbuciar mas concluí que era inútil.

Olhei ao redor e pude perceber as leoas rindo do comportamento desajeitado das crias. Mais a frente Kiara ia empolgada conversar com seu pai, e ele lhe sorria de volta, mas em meio ao barulho, não consegui ouvir o que falavam. Kovu surgiu logo atrás  de mim em meio às pedras, com um feição que dizia "graças aos Reis, minha mulher foi caçar, e meus filhos estavam com meu sogro, que soneca maravilhosa!" , eu o conhecia de longe.

- É melhor disfarçar essa sua cara, se não vão achar que está fazendo corpo mole - disse divertida sem olhar para ele.

- Corpo mole é o que menos tenho feito desde que cheguei aqui - revirou os olhos sorrindo torto - Como foi a caçada?

- Você sabe que não é essa a pergunta que quer fazer. - me fiz de desentendida e ele bufou 

- Como Kiara se saiu na caçada...? - Kovu odiava saber que eu conseguia estar dentro de sua mente, adivinhando seus pensamentos.

- Foi... Diferente. - falei pensativa - sabe, ela é péssima em sigilo. Mas é impulsiva, quer muito provar o próprio valor, depois de tudo de que foi privada. Quando pensa nisso, faz sem pensar e só vai, as vezes dá super certo. - refleti - tô começando a achar que o problema é o medo de errar, quando ela não pensa, as coisas acontecem de fato.

- Entendo - fechou os olhos por 5 segundos - eu tenho tentado passar segurança a ela e apoia-la. "Dar" a liberdade que Simba não deu... - trocamos olhares sugestivos - por questões óbvias, convenhamos.

- Um mundo com Zira não era seguro nem para nós, que vivíamos com ela. - constatei.

- Você que o diga hein? 

Encontrei os olhos esmeralda de Kovu. E soube no mesmo momento ao que ele estava se referindo. 

-Já o reencontrou? - perguntou.

-Não. E você?

- Também não, mas sugiro se preparar. Não notou que a cada minuto que passa mais gente do bando está chegando? - O vi apontando com o nariz para Zazu que acabará de pousar em uma árvore acima de Simba, cumprimentando-o.

Olhei ao redor. Kovu estava certo.

Além das leoas de caça, não era normal que todo mundo da pedra do rei estivesse junto no mesmo horário e local. Além do mais incomum: depois de Zazu, Timão e Pumba também apareceram, acompanhados de Rafiki.

- Ora Simba eu sei que somos seus fiéis escudeiros mas, porque trazer o macaco tinha que ser trabalho nosso? - timão reclamava erguendo o pulso em protesto.

- Eu gosto do Rafiki Timão - choramingou Pumba 

- E de quem você não gosta Pumba? - indagou cruzando os braços.

- Eu não precisava dessa paspalhice toda, poderia ter vindo só - respondeu Rafiki.

Simba revirava os olhos divertido e Kiara riu. Ao ver Kovu perto de mim, veio em nossa direção e

esfregou sua testa na do companheiro.

- Que saudade amor. - ronronou.

- Nem parece - Kovu fez beicinho como um gato abandonado.

- Nhe, deixa disso - ela respondeu mostrando a língua.

-Kiara - chamei inquieta - O que está havendo? Porque estão todos aqui? - ela me fitou apreensiva. - e onde está Nala?

- Tani... - começou - eu juro que não sabia. - ergui as sobrancelhas e minha mandíbula tensionou com o que veio a seguir- papai pediu para que todos viessem. Ele quer...quer que todos vejam Kopa. 

Gelei.

- E mamãe está trazendo ele para cá agora.

Coração acelerado.

garras saindo e arranhando a terra abaixo dos meus pés.

olhos piscando.

- Vitani. - Kovu parecia me tirar de um transe - recomponha-se. Não há motivo para surtar, você não fez nada de errado. E Kopa sabe disso. Ele vai ficar feliz em vê-la.

-Se o que diz é verdade Kovu, porque minhas pernas estão brigando comigo para sair correndo? Porque sinto que eu não tenho o direito de estar aqui? - há sinceridade em minha voz.

-Porque assim como eu, Zira também te ensinou a se auto sabotar e acreditar que você não tem nenhuma história além da que já determinaram pra você. - disse sério.

Abri os lábios três vezes tentando encontrar palavras, mas não me deparei com nenhuma que pudesse formar uma frase que fizesse sentido. Kovu estava certo, e, para ser sincera, ele tinha evoluído mentalmente muito mais do que eu, desde que nossa vida mudou. E nos sete segundos que usou para proferir a última frase, senti uma vontade gigantesca de mudar, dar um reset nas lembranças que definiam que eu sou, e quem serei.

- Rainha Nala...- ouviu-se o som da voz saudosa de Zazu.

- Zazu - cumprimentou de volta a soberana da Pedra do Rei.

Todos os (nossos) olhos se voltaram para ela e Simba. Em busca do que (n)os trouxera ali. 

O rei e a rainha pareciam ansiosos, e encaravam-se com um olhar de cumplicidade, do tipo que esconde um segredo em acordo, e só revela-se com o conssentimento de ambos.

Simba foi o primeiro a pigarrear, indicando que seria seu o discurso.

- Caros amigos e amigas. - começou - não queremos tomar muito o tempo de vocês hoje. Na verdade, até eu mesmo preciso de um tempo para digerir. O meu pai me ensinou quando eu era apenas um filhote, sobre o ciclo da vida. Todos fazemos parte do mesmo ciclo sem fim e somos um. - olhou diretamente para Kiara que sorriu - antigamente, apesar de uma conversa bonita, isso não parecia realidade, pelo menos até hoje. Fazem exatamente 6 meses que a Pedra do Rei recebeu novos moradores e nossa família aumentou. - Os ex-exilados olhavam uns para os outros com uma expressão de alívio - mas... existiu uma lacuna na história...- engoliu seco, como se estivesse segurando um soluço.

- Uma lacuna que eu e Simba jamais achamos que se fecharia. - foi a vez da rainha Nala, que tinha os olhos discretamente marejados - Nem todos aqui sabem, mas Kiara não é nossa primogênita e Simba não foi sempre tão protetor -  fez uma voz engraçada deixando o ambiente descontraído - Nós tivemos um filho antes, chamado Kopa. Rafiki nos ajudou a fazer todo o protocolo de apresentação, como de costume. A té nosso pequeno ser vítima de uma calamidade e sumir no rio, pelas mãos de quem não está mais entre nós - era notável o cuidado em suas palavras, de quem não queria relembrar o passado, mas eu sabia que ela estava se referindo a Zira. - faz mais de um ano que isso aconteceu, e antes de Kiara nascer, eu, Simba, e o reino, decidimos que nunca mais falaríamos disso.

Desviei um pouco os olhos de Nala quando senti pingos de água em minha pata direita. Era Pumba, cujo os olhos estavam criando uma pequena lagoa abaixo de si. Chacoalhei minha parta e em seguida observei o clima geral. As leoas da Pedra do Rei estavam emocionadas, como se cada uma compartilhasse um pouco da dor do casal. Os exilados pareciam confusos e distantes, curiosos mas não verdadeiramente interessados, exceto um ou outro. Porém, inigualável mesmo eram as expressões de Zazu, de bico aberto, Timão, que roía as unhas, e Rafiki, que tinha um sorriso convencido de quem já sabia de tudo, como se tivesse previsto que iria acontecer.

- Quando soubemos que haviamos perdido nosso primeiro filho, o mundo desabou sobre nós. Mesmo quando Kiara nasceu, uma parte do nosso "um" faltava. literalmente um. - sorriu

O vento parou com o que aconteceria a seguir.

- Foram poucos disas de conversa, até nos darmos conta de que todos vocês precisavam saber que...O nosso filho... - continuou Nala  e olhou para o esposo.

- ... Está de volta. - concluiu Simba.

Silêncio mortal.

Um vento, um tanto celestial, carregando uma folhagem passa pelo ambiente, e Rafiki sorri ainda mais. como se sentisse uma presença.

Uma juba começa a aparecer pelo meio dos reis, até que se possa ver o dono da pelagem. 

Kopa está aqui. E não perco a oportunidade de observar atentamente e memorizar cada detalhe seu.

a pelagem está num tom de areia do deserto, tostado, como quem vive levando muito sol. A juba é de um marrom-escuro avermelhado - imagino ser característica da família materna - e se divide com uma franja rebelde, que me lembra um pouco o estilo de Kovu. Seus olhos, são castanhos e se tronaram mais profundos do que a última vez que os vi. Cicatrizes agora fazem parte de seu visual, uma discreta na coxa, outra maior em suas costas, no formato de "X", e por fim, uma de tamanho médio, acima da sobrancelha - que é bem desenhada e grossa - quase imperceptível por causa da franja. Sua expressão está cansada, mas forte e determinada, do tipo que não desiste fácil, do tipo que sobrevive a  qualquer custo. 

- Bem, acho que eu tenho muito a explicar - soltou pausadamente, como um suspiro de alívio. Aquela voz. o modo como as cordas vocais amadureceram, revelando um leão adulto. Tonalidade rouca, forte, e suave.

Suas pupilas passeiam pela multidão, procurando rostos familiares. Ele não demora tempo suficiente, pois em milésimos de segundo, ouve-se um grito choroso estrondoso, que vem nada mais nada menos de timão e pumba, que vão correndo desesperados como se Kopa pudesse sumir num estalar de dedos a qualquer momento. É quando a maioria do bando toma coragem e começa a rodear o recém chegado, prontos para abraçá-lo, cumprimentá-lo e dar as boas vindas.

Nesse momento, Kopa desmancha-se, e é quando entendo que no tempo em que esteve fora, acumulou dores e saudades guardadas consigo, sabe-se lá por quanto tempo. Há comoção em cada canto de seu rosto.

Kovu permanece imóvel ao meu lado, mas com uma expressão surpresa. Ele observa Kiara junto aos demais que abraçam Kopa e lhe dizem coisas como "por onde você andou garoto?", "Sentimos saudade" ou "não acredito!" , entre outros. Muita coisa está acontecendo ao mesmo tempo e não me esforço para prestar atenção em nada que não seja meu coração palpitando de nervoso, pensando que essa pode ser minha chance de simplesmente vazar sem deixar rastros.

- Eu deveria estar lá? - ouço a voz de Kovu.

- Não faço ideia. - nem me arrisco a responder.

Acabo me dando conta que a ficha de que Kopa estava vivo não tinha caído ainda. . Era ele, em carne e osso. Fios e garras.Uma brecha se abre no meio da multidão quando duas lioness mais velhas soltam Kopa do abraço apertado, enquanto ele sorri e chora ao mesmo tempo, seu olhar passeia para nós, os ex-exilados, que somos os únicos a ficar mais afastados. Percebo seu olhar pousando em Kovu, em seguida, nossos olhos se encontram pela primeira vez e a expressão dele muda bruscamente.

Sobrancelhas arqueadas. Olhos arregalados. Boca entreaberta.

Kopa faz seus olhos castanhos mergulharem nos meus. Me encarando no que pareceram ser horas.

Um filme passa pela minha cabeça.

Seu olhar se desvia do meu por um instante, porque uma leoa de aparência semelhante a Nala chama-o duas vezes, e é como se ele acordasse de um transe contra a sua vontade.

Kopa volta a cabeça rapidamente, capaz de competir com um relâmpago, para procurar o meu olhar de volta, mas eu não estou mais lá.

Ignorando todos os protestos de Kovu, sumo entre os caminhos da Pedra do Rei.

Mas não sem antes admitir pra mim mesma que foi a pior ideia que eu tive em anos.

Eu fugi.

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Continua...

Notas finais:

E então galerinha linda do meu heart of cherry...pra quem não sabe essa e a história da votação ok? E ent? O que acharam? Mereço pedras?cerejas?nuttela? O que querem que aconteça?Comentem aí vai gente aguardo reviews em.

(2023) Estamos em 16/11. E eu reescrevi praticamente todo o capítulo, depois de quase 4 anos sem retornar ao blogger, feliz com minha evolução na escrita! Se ainda tiver alguém por aí, olá? O que aconteceu na vida de vocês nesse meio tempo? :)